O poeta português e seus heterônimos. Seus heterônimos e seus pensamentos em verso e prosa. Era tanta inteligência, sensibilidade e beleza que Pessoa não cabia em uma só pessoa. Com uma escandalosa lucidez, ao mesmo tempo em que desfaz ilusões, constrói sonhos, sonhos capazes de fazer frente às mesmas desilusões. O homem no plural transcende tempo, gente e seus contextos. Na parede negra do museu um pedaço de “Ideias Políticas”, reflexão transcendental, que perturba e oblitera os pretensos pequenos saberes.
“Uma criatura de nervos modernos,
de inteligência sem cortinas,
de sensibilidade acordada,
tem a obrigação cerebral
de mudar de opinião e de certeza
várias vezes no mesmo dia.”
A exposição do Fernando Pessoa está maravilhosa, um programa imperdível. Em 1915, o poeta não só pensa ser possível as pessoas mudarem de opinião e não sentirem-se obrigadas a ter certezas, como afirma que essa seria uma obrigação cerebral. Não aprendi isso com Pessoa, mas tenho vivido essa prática, não me peçam para ter certeza, nunca a tenho, e quanto a manter uma opinião, a mantenho até achar que é necessário mudá-la.
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