sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O amor de malas prontas


Quando o amor acaba, deixa um rastro. O amor não acaba e parte. Acaba e fica. O amor se fortalece e se alimenta de sua ausência. É uma espécie de corredor vazio. Não há nada lá, nem mobília, nem quadros, nem tapetes, nem luminárias. É só um longo e asfixiante breu que você tem que transpor. A cor desbotada das paredes, a falta de janelas, de ar, de luz natural, o assoalho sem brilho, o teto escuro.
Agora, quando o amor acaba, despede-se e vai embora sem lamentos ou desatino, é por que há muito tempo não estava mais lá. Se você não ficou atordoada, enraivecida, deprimida, agonizando sem estar morrendo, e se um corredor vazio é somente um corredor vazio, é por que quando partiu, o amor já estava alhures. Havia debandado antes, bem antes de fazer as malas.

2 comentários:

  1. Concordo com você, agonizar seria a palavra que na minha opinião define o término do amor.
    A dor é lascinante, a vida perde o sentido, os dias são intermináveis e ficamos nos perguntando: "Será que um dia essa dor vai passar"?
    Acredite passa, mas às vezes vem nos fazer uma visita para testar nossa resistência.

    ResponderExcluir