sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Amores silenciosos
Sempre fui do tipo que não faz alarde com quase nada. Raramente fui tomada de deslumbramento por coisa alguma. Não me lembro de ter tido muitos surtos de riso ou de choro. Tão pouco frequentes são meus ataques de riso que poderia até narrar da última vez que uma risada solta e sonora se estampou na minha cara. Mas não vale a leitura de vocês, fatos comuns, situações ordinárias, nada que fosse motivo para tanta graça. Talvez eu estivesse num bom dia e a reprodução de uma história banal tornou-se hilária. Da mesma forma é o meu derramamento de lágrimas. Já encharquei muito meus olhos cortando cebolas. Já, por tristeza, não. Meu choro, nas pouquíssimas vezes que aflora, é contido, baixinho, acanhado. Minha tristeza é bem silenciosa. Também nunca soltei um grito de alegria ou fiquei tão eufórica a ponto de pular ou cantar. Nos momentos em que mais me senti alegre, as manifestações do meu contentamento foram caladas. Lembro-me de dois momentos especialmente felizes em que experimentei a certeza de que aquilo que sentia era a expressão máxima da minha felicidade. Dois momentos extremamente silenciosos. Guardo tudo na memória, não quero que esses sentimentos jamais se percam de mim. Com meus amores não é diferente. Não tenho os arroubos de encantamento e arrebatamento avassalador que as paixões produzem. Não enlouqueço de paixão. Meus amores, assim como minhas alegrias e tristezas, nascem e morrem no mais pacato silêncio.
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